Ecumenismo
Augustus Nicodemus Gomes
Lopes
Recentemente, representantes da Igreja Luterana e da Igreja
Católica assinaram um documento de aproximação entre as
duas igreja, visando estabelecer uma base comum quanto à crença na
salvação pela fé. Esse evento "esquenta" mais uma vez o
tema polêmico do ecumenismo.
Nesse pequeno artigo, procuro descrever os tipos de
ecumenismo que existem. Trata-se de um artigo descritivo, portanto, e não
de uma análise crítica. Entretanto, fica evidente que, sendo um
pastor reformado, não concordo com o ecumenismo, a não ser quando
o mesmo tenta promover a aproximação de denominações
evangélicas bíblicas.
Ecumenismo Religioso
É a tentativa de aproximar as grandes e diferentes
religiões do mundo. Essa aproximação vai desde
cooperação em missões e ação social e
política, até união e fusão de credos. A iniciativa
tem sido principalmente de órgãos protestantes. O maior deles
é o Concílio Mundial de Igrejas (CMI).
A filosofia que permite o CMI fazer esta tentativa é
o pluralismo. Como o nome já indica, essa filosofia defende a
pluralidade da verdade, ou seja, que não existe uma verdade absoluta, mas
sim verdades diferentes para cada pessoa. Esse conceito é ambíguo,
mas definitivamente já faz parte integrante da nossa cultura presente.
Ele acredita que seja possível o relacionamento de pessoas com
crenças e ideologias diferentes, sem que um tenha de sujeitar suas
convicções ao domínio do outro. A idéia de converter
alguém às suas próprias convicções é
politicamente incorreto. A chave está na valorização da
negociação e da cooperação em lugar de se tentar
provar que se está certo ou errado.
O pluralismo religioso, por sua vez, prega o abandono
da "arrogância" teológica do cristianismo, nega que exista verdade
religiosa absoluta, e exalta a experiência religiosa individual como
critério último para cada um. A idéia de cristãos
tentarem converter pessoas de outra fé ao cristianismo é absurda.
O tema da salvação em outras religiões foi discutido
recentemente na Assembléia Geral do Concílio Mundial de Igrejas. O
relatório apresentado trouxe debate considerável. As conversas se
arrastam sem produzir qualquer progresso claro.
Uma consulta teológica sobre a salvação
na Suíça patrocinada pelo CMI, composta por 25 teólogos,
trouxe as seguintes conclusões:
1) Através da história, pessoas tem encontrado
a Deus no contexto de várias religiões e culturas
diferentes.
2) Todas as tradições religiosas são
ambíguas (inclusive o cristianismo), isto é, uma
combinação do que é bom e do que é
ruim.
3) É necessário progredir além de uma
teologia que confina a salvação a um compromisso pessoal
explícito com Jesus Cristo.
Em algumas denominações o pluralismo tem sido
proposto como filosofia oficial, como na Igreja Metodista Unida, dos Estados
Unidos.
No momento, o ecumenismo religioso não vai indo bem.
No último encontro do CMI, o assunto progrediu quase nada. O que agora
estão pensando é cooperação em áreas sociais
apenas, enquanto que cada religião mantém sua individualidade.
Parece que o sonho de uma religião mundial única está
acabando.
Ecumenismo
Cristão
Este tipo de ecumenismo tenta a aproximação
entre os grandes ramos da cristandade, ou seja, a Igreja Católica, a
Igreja protestante, e a Ortodoxa, e entre os diversos ramos protestantes entre
si. Algum progresso existe. A liderança da Igreja Episcopal e da Igreja
luterana Evangélica na América concordou, depois de duas
décadas de negociar, darem comunhão entre si, reconhecer os cleros
e ordenar bispos em conjunto. Cada grupo retém sua autonomia. A
liderança de oito denominações protestantes
alcançaram acordo preliminar sobre as suas igrejas, formando uma
"comunhão de convenção" na qual cada
denominação iria, embora ainda autônoma, aceitar os
ministros e sacramentos dos outros.
Os católicos romanos continuam dialogando
bilateralmente com luterano, líderes da igreja Anglicana, e Ortodoxos em
um esforço para achar solo teológico comum. Até mesmo
algumas igrejas Pentecostal que tendem a ser anti-ecumênico parecem
propensas para relações mais abertas. A Igreja Cristã (os
Discípulos de Cristo, denominação americana com mais de 1
milhão) entrou para a história ecumênica de protestantes e
católicos em sua Assembléia Geral em agosto elegendo Monsenhor
Philip Morris, padre católico romano, como membro votante da sua
Comissão Executiva.
Ecumenismo
Evangélico
É a tentativa de aproximação entre
igrejas evangélicas, a nível de cooperação em
atividades evangelísticas e sócio-políticas, e mesmo de
fusão organizacional. Por exemplo, a cooperação
interdenominacional de igrejas e ministros--muitos dos quais não estariam
interessados no ecumenismo cristão ou religioso – que se unem para
patrocinar uma cruzada de Billy Graham. Vale lembrar que o número de
denominações diferentes chegou a 22.000 em 1985 e continua
crescendo a uma taxa de cinco novas todas as semanas.
Muitas igrejas conservadoras permanecem opostas a
esforços ecumênicos por causa da teologia liberal e da agenda de
trabalho políticos dos conselhos nacionais e mundiais que geralmente
estão por detrás destes esforços. E uma razão ainda
maior, é porque a verdade não deve ser sacrificada no altar da
unidade eclesiástica.