"Presbiterianos": Origem e Significado
do Termo
Alderi Souza de Matos
A Reforma religiosa do século dezesseis deu origem, de modo direto
ou indireto, aos diversos grupos que hoje constituem o protestantismo. Os nomes
adotados por essas igrejas podem derivar do próprio nome do seu fundador
("luteranos", "menonitas"), de uma convicção doutrinária
primordial ("batistas", "pentecostais") ou de sua estrutura eclesiástica
e forma de governo ("episcopais", "congregacionais"). Nesta última
categoria também se incluem os "presbiterianos."
As igrejas presbiterianas têm suas raízes na obra dos dois
reformadores que entraram em cena pouco depois do pioneiro Martinho Lutero.
Foram eles o suíço de língua alemã Ulrico
Zuínglio (1484-1531) e o francês João Calvino (1509-1564),
que atuaram ambos na Suíça, o primeiro em Zurique e o segundo em
Genebra. Com a morte prematura de Zuínglio, Calvino tornou-se o principal
líder e teólogo do movimento. No continente europeu, as igrejas
que abraçaram a teologia e a estrutura eclesiástica preconizadas
por Calvino adotaram o nome de "Igrejas Reformadas," principalmente em
países como a própria Suíça, a França, a
Holanda e a Hungria.
O nome "Igreja Presbiteriana" popularizou-se nas Ilhas Britânicas a
partir da obra do reformador escocês João Knox (c.1514-1572), que
foi discípulo de Calvino em Genebra. Eventualmente surgiram fortes
comunidades presbiterianas na Escócia, Irlanda e Inglaterra.
Através da imigração, os escoceses e irlandeses levaram o
presbiterianismo para os Estados Unidos nos séculos dezessete e dezoito.
Dos Estados Unidos, especialmente com o grande movimento missionário
protestante do século dezenove, as igrejas presbiterianas e o nome
"presbiteriano" foram introduzidos em muitos países do hemisfério
sul. Entre esses países estava o Brasil, que teve como pioneiro
presbiteriano o Rev. Ashbel G. Simonton, aqui chegado em 1859.
O termo "presbiteriano" decorre do fato de que nas igrejas desse nome o
governo é exercido por "presbíteros." A palavra grega
presbyteros encontra-se no Novo Testamento e significava originalmente
"ancião," "homem idoso." À semelhança do que acontecia
entre os judeus, também na igreja primitiva a liderança era
exercida pelos membros mais experientes da comunidade, geralmente, mas
não necessariamente, homens mais velhos. Eventualmente, o termo passou a
ter um sentido técnico de líder da igreja e o aspecto da idade
ficou em segundo plano. Assim, encontramos referências aos
presbíteros em passagens bíblicas como Atos dos Apóstolos
11.30; 14.23; 15.2; 20.17; 1 Timóteo 5.17; Tito 1.5; Tiago 5.14; e 1
Pedro 5.1. Também encontramos o coletivo "presbitério" ou
concílio de presbíteros em 1 Timóteo 4.14.
Portanto, seguindo o precedente bíblico, nas igrejas presbiterianas
a liderança é exercida pelos presbíteros, os quais se
subdividem em duas categorias – os presbíteros "regentes" (que
governam), voltados primordialmente para funções administrativas,
e os presbíteros "docentes" (que ensinam), ou seja, os ministros ou
pastores. Esses dois tipos de presbíteros tem a mesma paridade,
não se constituindo em uma hierarquia. Todavia, os pastores ou
presbíteros docentes têm algumas funções privativas,
como o ministração dos sacramentos. Os presbíteros exercem
as suas funções em vários níveis: localmente, no
"conselho" de cada igreja; em âmbito regional, nos presbitérios e
sínodos; em âmbito nacional, no Supremo Concílio.